Pular para o conteúdo principal

Postagens

Otium: Os universos extraordinários do cubo mágico

Hoje o Blog estreia uma nova coluna! Dê as boas-vindas a Otium ! Em latim, otium pode ter vários significados . Alguns são mais generosos, outros, menos. Foquemos nos primeiros, que são os mais solidários com a nossa saúde mental: otium como “lazer” ou “tempo livre para contemplar”. Dedicar-se ao otium – ou, como você já deve ter adivinhado, “ócio” em português – é fundamental para quem se interessa por aprender mais e produzir melhor. Afinal, sem tempo para descansar e espairecer depois de um dia exaustivo, não há estratégia de aprendizagem ou produtividade que se sustente a longo prazo. O problema é que, como já escrevi anteriormente , o seu tempo livre é um prêmio disputado por competidores ferozes. Chegar em casa, trocar de roupa e ler um bom livro é cada vez mais raro. Cada vez mais comum – e, admito, assustador – é ver alguém que, depois do trabalho, desaba na cama e desanda a rolar o feed da rede social até perder a noção das horas (e se você quer retomar o controle sobre ...
Postagens recentes

Benchmarking

No meu texto “Meta-aprendizagem” , eu escrevi sobre a importância de investir o seu tempo na preparação de cada etapa do processo de aprender. Avareza não é bem-vinda. Horas, dias ou mesmo semanas gastas na triagem de materiais didáticos calibrados ou no planejamento de cronogramas eficientes podem render dividendos valiosos em alguns meses. Descobrir por onde começar essa preparação, porém, pode ser desafiador. O século é o XXI, então não faltam livros, cursos e plataformas dedicados a lhe ensinar praticamente qualquer coisa. Num primeiro momento, navegar no meio de tantos recursos pode ser animador, mas identificar os mais adequados para os seus objetivos pode se transformar numa tarefa exaustiva e, após reviews ou sugestões em sentidos opostos, até frustrante. Você não precisa tatear no escuro, entretanto. Para auxiliar nessa jornada, Scott Young recomenda o método do benchmarking. Em seu livro Ultralearning , o autor do MIT Challenge (sobre o qual também escrevi recentemente...

Meta-aprendizagem

Em 2012, Scott Young encerrou um projeto ambicioso: concluir todas as disciplinas do curso de Ciências da Computação do MIT, com duração de quatro anos, em apenas 12 meses – e sozinho . Entre outubro de 2011 e setembro do ano seguinte, Young assistiu a centenas de horas de aulas gravadas, devorou textos recomendados, construiu projetos sofisticados e resolveu provas cronometradas em casa, "valendo nota". Tudo a partir dos recursos disponibilizados gratuitamente pelo próprio MIT, dono de um dos maiores acervos virtuais de materiais didáticos do mundo, o MIT OpenCourseWare .  O MIT Challenge , como ficou conhecido o projeto, chamou a atenção de muita gente. Young documentou toda a sua jornada em seu site , incluindo as provas que resolveu e os gabaritos que usou. Você também pode conferir – e avaliar – os resultados do canadense, que, até o início da saga, não era mais do que um recém-graduado em business pela Universidade de Manitoba.  Apesar de ser debatível o quanto a expe...

A economia do caminho mais longo

Na semana passada , eu escrevi sobre como empresas como Instagram e Facebook estão investindo abertamente numa dinâmica de entretenimento. Entreter, mais do que conectar, é a aposta. Isso quer dizer que hoje esses aplicativos disputam a sua atenção com atividades e serviços que, até há algum tempo, estavam em prateleiras diferentes, como ler um livro físico ou ouvir um podcast no Spotify. Um dos problemas óbvios dessa relação é que mais horas rolando a sua tela para cima significam menos páginas lidas, episódios escutados ou mesmo tempo com a família. Além disso, poucas tecnologias modernas rivalizam com a engenhosidade das redes neurais que alimentam o seu feed. Quanto mais tempo você der a elas, maiores as chances de voltar por lá. Como tentar balancear essa equação então? Uma das alternativas envolve escolher o caminho mais longo. Desde 2020, eu uso uma ferramenta gratuita chamada  News Feed Eradicator . A proposta é simples, mas eficaz: remover o feed da sua tela até segund...

Redes antissociais

Se você usa o Instagram, deve ter reparado no aumento do número de vídeos curtos – ou Reels – que aparecem no seu feed. Deve ter notado também que vários desses vídeos não vêm de perfis seguidos por você, mas sim, de usuários estranhos, alguns sem qualquer relação aparente com seus interesses ou amigos. Pois saiba que essas mudanças marcam o início de um novo capítulo da competição por um de seus bens mais preciosos: a atenção.  Num episódio recente do seu podcast , um dos meus autores favoritos, Cal Newport, chamou a atenção para uma matéria da CNBC sobre o duelo entre TikTok e Meta na arena dos vídeos curtos. Na reportagem, o presidente de global business solutions do TikTok, Blake Chandlee, reconheceu que a Meta, dona do Instagram e Facebook, estaria abertamente copiando a empresa chinesa dentro destes aplicativos. Para Chandlee, o investimento pesado da Meta em vídeos curtos poderia indicar um movimento arriscado da empresa na direção de transformar Instagram e Facebook, sob...